Torre da antiga Igreja da Sé

Tebas

Catedral da Sé - Praça da Sé - Sé, São Paulo - SP, Brasil

A Torre da antiga Igreja da Sé foi construída pelo escravizado Tebas no século XVIII, que com capacidade de planejamento e execução conseguiu sua alforria em troca de seus projetos. A catedral não existia nesse período, por volta da década de 1750. Escravizado até os 58 anos de idade, Tebas executou emblemáticas obras do Brasil Colonial e se consolidou como um dos maiores arquitetos brasileiros do século 18.

Executar uma construção alta, sabendo manipular a pedra lavrada, e construir uma torre de Igreja, era uma tarefa que ninguém sabia fazer na cidade de São Paulo — que na época era uma cidade pequena, sem a opulência e a importância das cidades do nordeste ou de Minas, que já tinham edifícios bastante sofisticados. Mas Tebas conseguiu e concluiu a Torre em 1755.

Segundo o livro “Tebas, um negro arquiteto na São Paulo escravocrata”, foi o responsável pelo Chafariz da Misericórdia (1792), ornamentos de pedra da fachada das principais igrejas paulistanas da época, como a da Ordem Terceira do Carmo (1775-1776), a do Mosteiro de São Bento (1766 e 1798), a da Ordem Terceira do Seráfico São Francisco (1783), além do enorme Cruzeiro Franciscano da cidade de Itu (1795). Construiu a torre do Recolhimento de Santa Teresa e o primeiro sistema de esgotos do antigo centro de São Paulo. Construiu o primeiro chafariz de pedra da cidade, com granito, numa época em que o granito era desconhecido. O Largo da Memória, ao lado do metrô Anhangabaú, projeto criado por Daniel Pedro Miller, foi construído por ele. O sambista Geraldo Filme pesquisou sua vida e compôs o samba-enredo “Tebas, o Príncipe Negro.” A primeira grande obra em que trabalhou foi a torre da antiga Igreja da Sé.

A imagem do artista retratada aqui é uma pintura de Portinari: “Cabeça de negro” (1934), devido à ausência de fotos do arquiteto.

Abaixo, a letra do enredo de Geraldo Filme;

“Tebas, negro escravo”

Profissão: Alvenaria
Construiu a velha Sé
Em troca pela carta de alforria
Trinta mil ducados que lhe deu padre Justino
Tornou seu sonho realidade
Daí surgiu a velha Sé
Que hoje é o marco zero da cidade
Exalto no cantar de minha gente
A sua lenda, seu passado, seu presente
Praça que nasceu do ideal
E braço escravo
É praça do povo
Velho relógio, encontro dos namorados
Me lembro ainda do bondinho de tostão
Engraxate batendo a lata de graxa
E camelô fazendo pregão
O tira-teima do sambista do passado
Bixiga, Barra Funda e Lava-Pés
O jogo da tiririca era formado
O ruim caía e o bom ficava de pé
No meu São Paulo, oi lelê, era moda
Vamos na Sé que hoje tem samba de roda

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