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A obra A REVOLUÇÃO DO OLHAR atua na zona semi-pública, pois ainda está dentro do pátio do edifício, porém tiro partido das três escotilhas que já estavam previstas no projeto arquitetônico. Através delas discuto a inter-relação entre as pessoas e a obra promovendo a reflexão sobre o olhar que cerceia que vigia e o olhar que transforma e é transformado. A abordagem foi sendo delineada a partir do texto: “A Etnografia como Atividade Perceptiva: o Olhar, de François Laplantine, 1996. A REVOLUÇÃO DO OLHAR fala dos limites do olhar condicionado pela nossa cultura, que pode tornar-nos cegos em relação a cultura dos outros e míopes em relação a nossa própria cultura. Neste texto encontro as frases que precisava para serem gravadas nas escotilhas, efetivando o contato com o passante.
As frases guardam sentidos distintos; a primeira (LAPLANTINE, 1996) “acentuaria a acepção medieval do olhar que coloca sob guarda, ou do direito de olhar, confundindo então com o direito de controlar.” . A segunda é um convite ao olhar corpóreo “uma visibilidade ótica, mas também tátil (…) conduzindo a não mais proceder por oposição entre o diante e o atrás, o fora e o dentro, a compreender a verdadeira natureza das ligações entre o que está diante de nós, e que incorporamos de estar dentro, a partir do que se efetua uma atividade sensitiva mas também intelectual”. O olhar transformador. E a última (Merleau-Ponty) sintetiza a ideia de integrar o observador no campo da observação, “eu sou vidente visível”
“olhar é guardar guarnecer, cuidar, manifestar consideração, prestar atenção, velar”
“nós construímos o que olhamos à medida que aquilo que olhamos nos constitui, nos afeta e acaba por nos transformar”
“eu sou vidente visível” Merleau-Ponty