Praça Governador Israel Pinheiro, 2-78 - Mangabeiras, Belo Horizonte - Minas Gerais, 30210-060, Brazil
O indiano Subodh Gupta inverteu o conceito tradicional de navegação, oferecendo a Belo Horizonte – uma cidade sem mar – um enorme barco cheio d’agua a adentrar a cidade a partir da montanha da Praça do Papa, no Alto do Mangabeiras. Esse barco transporta dentro de si, além de seu próprio oceano, artefatos do dia-a-dia doados pelos moradores da cidade, tornando-se um microcosmo que contém toda a existência de uma pessoa. Pensando como o poeta Jorge de Lima – “há sempre um copo de mar para um homem navegar” –, Gupta traz o sonho do mar, com seus desafios, perigos e encontros imprevisíveis, para o interior dessa embarcação.
TEXTO DO ARTISTA
Um homem pode se agarrar a uma palha quando a devastação da natureza não o dá escolha. Neste trabalho, Subodh Gupta examina aquele espaço liminar entre pertença e não pertença, deslocamento e estar sem teto. O barco torna-se um microcosmo que contém toda a existência de uma pessoa – necessidades básicas e bens materiais, tudo junto, na hora dele zarpar.
O barco – onde o homem instintivamente faz sua casa no cataclismo – alude a migração e sobrevivência, seja entendido como um retrato da Natureza e do Homem, como a violação do habitat natural e a recriação de um habitat artificial, ou como ilustração de um deslocamento maior e adaptabilidade natural.